Onde o Cruzeiro costumava jogar? Conheça o estádio JK
No vasto universo do futebol brasileiro, o Cruzeiro Esporte Clube emerge como uma instituição de glórias e uma história que se entrelaça com a trajetória do país.
Em meio a esse enredo de conquistas e paixões, um capítulo fundamental é dedicado ao Estádio JK, situado no emblemático bairro do Barro Preto, em Belo Horizonte. Nesta jornada, exploraremos a fundo a rica narrativa de um estádio que testemunhou o crescimento e as transformações do Cruzeiro ao longo de décadas.
O Berço do Cruzeiro: Estádio JK
Adentrando o túnel do tempo até o início da década de 1920, deparamo-nos com o Barro Preto, berço do Cruzeiro. Foi neste contexto que, ao final de 1922, a diretoria do clube adquiriu um terreno para a construção do que viria a ser o Estádio JK.
Diferenciando-se de outros clubes, o Cruzeiro optou por financiar a iniciativa com recursos próprios, recusando auxílio das autoridades municipais e estaduais.
A estreia oficial do estádio ocorreu em 1º de julho, marcada por uma impressionante goleada de 6 a 2 sobre o Palmeiras de Santa Efigênia.
A inauguração formal, em setembro, coincidiu com as festividades da colônia italiana, celebrando não apenas o nascimento do estádio, mas também um ponto crucial na história do clube.
Transformação e Conquistas: Estádio JK
O estádio, inicialmente conhecido como Estádio Barro Preto, foi palco da metamorfose do Palestra Itália para Cruzeiro Esporte Clube. Foi lá os primeiros troféus, estabelecendo uma íntima conexão entre clube e bairro até a década de 1960.
Nesse período, o Cruzeiro conquistou nove Campeonatos de Belo Horizonte e três Campeonatos Mineiros.
Em 1945, o estádio passou por uma reconstrução significativa. As arquibancadas de madeira foram substituídas por 11 degraus de cimento, ampliando a capacidade para 15 mil espectadores.
Essas mudanças financiadas pelos sócios, cada um contribuindo com mil Cruzeiros. A reinauguração, em 1º de julho de 1945, em uma partida emocionante contra o Botafogo, simbolizou o auge da era do Barro Preto.
Recordes e Conquistas Marcantes: Estádio JK
O Estádio JK presenciou momentos que ecoam na memória dos torcedores, como a maior goleada da história do Cruzeiro, um incrível 14×0 contra o Alves Nogueira em 1928.
Ninão, ícone do clube, estabeleceu o recorde de maior artilheiro em uma só partida, marcando 10 gols nessa histórica goleada pelo Campeonato da Cidade.
Para além das conquistas domésticas, o estádio também foi palco de feitos internacionais. Em 1946, registrou-se o primeiro jogo internacional, um empate de 2×2 contra o Libertad do Paraguai.
Esses eventos consolidaram o Estádio JK como um local não apenas de vitórias locais, mas também de celebrações internacionais.
A Mudança para o Mineirão
O apogeu do Estádio JK coincidiu com a construção do Mineirão em 1965. Com a inauguração do novo e grandioso estádio, o ciclo do Estádio JK na vida do Cruzeiro chegou ao fim.
Embora o clube já utilizasse o Estádio Independência para grandes públicos, o Barro Preto continuou a ser usado para treinos e jogos do time B e da categoria de base.
A última partida do Cruzeiro no estádio ocorreu em 14 de fevereiro de 1965, em um amistoso contra o Democrata. Essa despedida marcou o encerramento de uma era, mas não o fim do impacto do estádio na história do clube.
Clube Campestre e Transformações Posteriores
Em 1986, o estádio e parte de sua estrutura desmanchados para dar lugar a um clube campestre. Essa decisão não apenas aumentou o quadro de sócios do clube, mas também forneceu uma nova fonte de receita.
Os treinos das categorias de base transferidos para a Toca da Raposa, e o Barro Preto tornou-se o campo exclusivo das categorias de base do clube.
Hoje, o Clube Campestre do Barro Preto oferece uma estrutura voltada para o lazer, com quadras poliesportivas, piscinas, restaurante e ginásio coberto. Embora não seja mais o campo principal do Cruzeiro, o legado do estádio permanece vivo na memória dos torcedores e na história do clube.
O Centenário do Estádio JK
Em 23 de setembro de 2023, o Parque Aquático do Cruzeiro, antigo Estádio JK, celebrou seu centenário. A inauguração oficial ocorreu em um amistoso contra o Flamengo, há exatos 100 anos, em 23 de setembro de 1923.
Essa data marca não apenas a construção de um estádio, mas o início de uma jornada que moldou a identidade do Cruzeiro.
Atualmente, o Parque Esportivo da Raposa é destinado aos sócios e à escolinha de esportes, preservando o legado do Estádio JK. A história do Cruzeiro, entrelaçada com esse estádio, é um testemunho da paixão, dedicação e evolução do clube ao longo dos anos.
O Estádio JK é mais do que concreto e arquibancadas; é um capítulo essencial na história do Cruzeiro. Ao percorrer as décadas desde sua inauguração até os dias atuais, torna-se evidente que, embora o campo tenha dado lugar a novas estruturas e atividades, seu impacto continua a ressoar nos corações dos torcedores e nas memórias do clube.
Onde o Cruzeiro costumava jogar é mais do que um local físico; é o epicentro de uma jornada futebolística que transcende o tempo e deixa um legado duradouro.
O Estádio JK não é apenas um marco arquitetônico, mas o palco de uma história viva que perdura através das gerações, conectando o presente do Cruzeiro ao seu glorioso passado no coração do Barro Preto.